Homenagem
Marcos Lira
CAUSOS E CASOS, UMA HISTÓRIA VERIDICA.
Vou contar para vocês uma história que se passou lá no ricife foi no bairro de ponto de parada, era uma tarde do dia 16 de agosto de 1955 precisamente numa terça-feira, nascia um pedacinho de gente, era uma criança saudável, sabe seu moço, o pai Zezinho e a mulher dele botou o nome de Marcos Fernando de Souza Lira, mas que peste de nome grande para um bebê, era um nome da gota serena. Crescia e parecia um verdadeiro macaco saguim porque sorria todo o tempo.
Saltitante ainda criança se escondia nas casas das visinhas, gostava muito de ver pessoas, era uma verdadeira alegria em pessoa…
MARCOS FERNANDO DE SOUZA LIRA, ESSE É SEU NOME…
“Quando eu vim do sertão seu moço do meu bodocó, a maleta era um saco
e o cadeado era o nó, só trazia a coragem e a cara, viajando num pau de arara,
eu penei, mas aqui cheguei…
chegou cheio de experiência e de vontade de viver, chegou cheio de luz para dar a quem quiser…Trouxe o triângulo, Trouxe o gonguê, Trouxe o zabumba,
Dentro do matulê, Xote, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe no meu matulão..
Trouxe muitas saudades daqueles que ficarem na retaguarda e daqueles que por ele passou e passou para a outra dimensão…
Mande notícias do mundo de lá diz quem fica me dê um abraço venha me apertar tou chegando, na hora do encontro também é despedida…
Então…
Quando eu vim do sertão seu moço
Do meu bodocó…
Era um dia como outro qualquer onde o sol e as nuvens se misturam ora o sol brilha ora as nuvens faz escurecer o dia e assim nessa estrada onde fazemos brilhar nossas estrelas, nasce o pequeno Lira, em casa da sua mãe, com a ajuda de uma parteira. Os dias correm célere, após alguns anos, ele criança ainda é consultado pelo pai que em uma conversa amistosa queria saber o que ele queria ser quando crescesse, então o pequeno, com uma ingenuidade lhe respondeu que queria ser um balaiero, era umas pessoas que saia com um balaio na cabeça, cheio de frutas e verduras a vender pelo bairro. A sua simplicidade e humildade faz brilhar a sua estrada, não se importava que naquela época os banheiros das residências fossem fora das casas, porque diziam que dentro das casas os banheiros fediam, logo eram construídos fora de casa, por isso veio a necessidade do uso dos urinós. Gostava de dormir em esteiras vendida nas feiras livres ou então nas camas de lona, na época se conhecia pessoas que não deixavam suas filhas estudar, a ler e a escrever, porque como diziam, era necessário para evitar que as meninas escrevesse para os possíveis namorados ou mesmo ler as cartas enviadas. Era assim sua vida, tinha uma vontade de aprender tão grande, cursou o antigo primário e ginásio em escolas públicas, era uma verdadeira alegria quando aprendia as lições, daí veio a necessidade de trabalhar, seus pais com seus sete filhos incluindo ele, necessitava de ajuda, pois o pai carteiro e sua mãe do lar, não podiam dar de comer aquele batalhão de gente. Certo dia, sua mãe chorando porque não se tinha nada para comer a noite, então o pequeno Lira com seus nove anos de idade, pediu a ela que deixasse ir lá em uma banca de uma feira livre no bairro de Cavaleiro para comprar fiado dois quilos de macaxeira (mandioca), ela e ele com os olhos cheios de lágrimas consentiu a essa aventura e lá foi ele, pelo trilho do trem pedindo ao Senhor Deus que aquela senhora que já conhecia ele e sua mãe desse um voto de confiança e lhe vendesse fiado aqueles dois quilos de macaxeira (mandioca) tão desejado para saciar a fome daquele batalhão de gente. Ele com muito cuidado em falar com aquela senhora dona da barraca, pediu e ela vendeu o que era tão necessitado naquela hora. Foi assim, pintando casa para comprar suas roupinhas, trabalhando em farmácia, como vendedor de linguiça e queijo trazidos do interior do Estado de Pernambuco para vender no Recife, como operário de uma fábrica, vendedor mais uma vez lá em uma loja no Recife, ele foi vencendo as barreiras que lhe eram impostas pela Dinvidade, religioso ele sempre foi, católico, protestante (evangélico) e espírita, Foi uma aventura, sabia que por aqui estamos todos de passagem, tinha uma mediunidade incrível, via em sonhos coisas que iria acontecer dias, semanas ou mesmo meses depois, chegou a ter contato com uma pessoa recém desencarnada, mas os sonhos vinham dando prova de que a vida não se resume a esta. Ah! E quanto aos acidentes… pense! Começou logo criança com uma porta de uma caminhonete se abrindo com ele agarrado na porta, isto aconteceu em uma curva, outro um ônibus que virou com ele sentado no banco da frente, o fusca que virou em Belém com ele dentro ao sair do trabalho às 06h00min, outro numa fábrica de plástico, outro com uma Kombi em Paulo Afonso e por fim o fatal em que foram ceifadas sua amada mulher e filha.
Teve oportunidades que a vida foram lhe oferecendo lá na Chesf em Paulo Afonso, começa a sua trajetória no setor Elétrico, era o ano de 1973, na época se falava que no ano 2000 o mundo não chegaria, era tempo das calças boca de sino, jovens com cabelo grande. Ele começou a trabalhar nos serviços auxiliares da terceira usina hidrelétrica de Paulo Afonso, passa a trabalhar em seguida na segunda e terceira usina, depois consegue se formar em Arcoverde-Pernambuco em Professor de Ciências (licenciatura curta), passa também a trabalhar em um colégio do Estado da Bahia como professor. Logo vem o projeto GIT da Eletronorte, ele segue para São Paulo, faz cursos e estágios e daí vem a Brasília e depois a Belém do Pará, lá participa da formação do Centro de Operação de Belém, bem como da energização da interligação norte/nordeste, vai em seguida para São Luís, por força do acidente fatal pois não aguentava ficar em Belém onde lá se passaram momentos agradáveis que traziam recordação das amadas mulher e filha falecidas no acidente fatal nos municípios entre Trindade e Araripina em Pernambuco, o que seria uma viagem de férias se tornou uma tragédia.
Em São Luís também ajuda na formação do Centro de Operação do Maranhão, participa do progresso do Sistema do Maranhão, bem como da energização da interligação norte/sudeste.
Ele não gostava de viver de passado ou rememorar as dificuldades, pois toda a sua luta estava voltado para o presente e focando o futuro, o passado relembrava como uma recordação os bons momentos, as pessoas amadas que com ele conviveu, mas tinha na mente a certeza que aqui na terra das ilusões tudo é passageiro e que todos aqueles que deixaram seus corpos descerem a sepultura, viviam com muita abundância, não era uma dúvida mas sim uma certeza de que tudo o que se vive, se deve aproveitar e aproveitar também com muita alegria a convivência daqueles que estão ao nosso redor.
As noites eram a sua companheira nos turnos que viveu o seu trabalho, tanto nas usinas como nos Centros de Operação, não pedia para ser o melhor mas para que fizesse o melhor, era um exemplo de esforço. Foi no projeto GIT da Eletronorte que participava de uma turma de jovens que iria formar o Centro de Operação de Belém, eram os saltos altos sem usar esses saltos, gente de Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso e ele… pense! De Pernambuco do Recife, usando ainda sapato com salto alto pois na época estava passando a novela cavalo de aço e que era moda usar esses tipos de calçados em sua região em que vivia. Parecia ridículo, mas era uma ingenuidade e uma simplicidade trazida também lá do sertão Paulafonsino, por isso vivia sorrindo, seu tio lhe chamava de saguim, um tipo de pequeno macaco que vive sorrindo. Procurava não magoar ninguém, não gostava de ver pessoas tristes, vivia alegre, contente com a vida, e dizia que precisamos estar sorrindo para a vida, pois a vida esta sempre sorrindo para a gente.
De São Luís, segue para a Sede da Eletronorte em Brasília, foi ai que ao passar seus pouco mais de cinco anos trabalha na supervisão dos sistemas Elétricos da Eletronorte e ainda lá em São Luís criou um grupo amigos solidários, ajudando sempre as pessoas mais necessitadas, fez muitas campanhas levando caminhões cheios de donativos para aqueles irmãos que precisava de uma mão amiga. Foi assim, dizendo a Deus obrigado Senhor pelos dias que me destes, pelas horas alegres e sofridas, sim… obrigado senhor pelo sol que nos aquece, pelas noites serenas a nos envolver, obrigado senhor por eu ver, ver o teu amor, a tua grandeza através das cores, das aves, dos animais, dos rios, córregos, igarapés e do mar e oceano, sim obrigado por ter um corpo físico perfeito ou quase perfeito para poder me manifestar neste mundo e daí fazer conjugar o verbo AMAR na sua maior profundidade de sentido. Então Olho para o céu… olho para o mar… ver que maravilhas meu Deus criou… suba lá nos montes… olhe para os bosques… ver que maravilhas meu Deus criou, senhor tu es o sol que nos aquece, senhor tu es a estrela que orienta, senhor te agradeço pelos teus cuidados… fica conosco…
E ano a ano se renovava aquela esperança, aquela vontade de viver e viver com a abundância, sofreu vários problemas no trabalho, na família em toda a vida, mas venceu. Por isso ele diz: se avexe não amanhã pode acontecer tudo inclusive nada, a burrinha da felicidade nunca se atrasa…toda caminhada começa no primeiro passo a natureza não tem pressa segue o seu compasso inexoravelmente chega lá… se avexe não observe quem vai subindo a ladeira seja princesa ou lavadeira… para ir mais alto vai ter que soar…e vamos lá…
O velho Lira, saí da Empresa do Sistema Eletrobras pela porta que entrou, com o dever cumprido, feliz e contente, porque ajudou ao progresso dessas Empresas que são a Chesf e a Eletronorte, empresas que foram gentis com ele dando a oportunidade que ele necessitava. Ele fala sempre, nasci nu e o Deus da Vida me vestiu, cresceu com muita expectativa, com muita fé em um Deus infalível, fé inabalável, pode faltar tudo, menos a sua fé, diz sempre que bom ter duas pernas para caminhar, dois braços e mãos, ter uma mente sadia e um corpo sã, que bom ter uma cama para descansar o seu corpo, um teto, um abrigo para lhe dar guarida, ah! Que bom ter um solo amigo para sustentar o seu corpo sem pedir aplausos, ter uma sombra amiga para amenizar o calor do sol, sim ter também a companhia salutar de seus familiares e amigos, que bom Senhor puder sempre agradecer procurar deixar de reclamar, que bom viver à luz do teus ensinamentos, e repete, feliz é aquele que não quer ser o melhor, mas fazer sempre o melhor, porque procura com auxilio de uma equipe amiga trabalhar e com sua ajuda buscar fazer sempre o melhor. Se queres ser o primeiro, não exite, seja o último, não procure ser servido, procura servir, procuras ser prudente e ter sabedoria, procura viver com alegria e saber que não caminhas para Morte, mais sim para a Vida, a vida em abundância, a vida que não se acaba.
E fala sempre assim, obrigado meu Deus pela oportunidade que me ofereceste de vir até a terra das ilusões, buscar uma evolução salutar através de todos os sabores e dissabores que esta existência está me oferecendo, saber e entender que aqui estamos de passagem, uma excussão, um curso, uma prisão, ou seja lá o que for, será sempre um aprendizado a mais, saibamos valorizar cada instante de nossas vidas, pois temos apenas uma vida espiritual com várias passagens pelo plano físico, então, não percamos mais tempo com futilidades e que o Bom Deus nos abençoe.
Um grande abraço a todos, pois um dia quem sabe iremos nos reencontrar…
Mande notícias do mundo de lá diz quem fica… me de um abraço venha me apertar to chegando… na hora do encontro também é despedida na plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar… é a vida…
Muito Obrigado pelas companhias daqueles mais próximo e que Deus esteja sempre com vocês e suas famílias…
E termino com um trecho da música:
Até um dia, até talvez, até quem sabe
Até vocês sem fantasia, sem mais saudade…
Até um dia…
Carta escrita por: Marcos Lira
☆ 16/08/1955 ✞ 09/04/2021